Associação Internacional dos Trabalhadores

A Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT), também conhecida como Primeira Internacional ou simplesmente Internacional, foi uma organização internacional fundada em setembro de 1864. Foi a primeira organização operária a superar fronteiras nacionais, reunindo membros de diversos países da Europa e também dos Estados Unidos. A organização abrigou trabalhadores de variadas correntes ideológicas de esquerda, incluindo comunistas marxistas, anarquistas bakuninistas e proudhonianos, sindicalistas, reformistas, blanquistas, owenistas, lassalianos, republicanos, democratas radicais e cooperativistas.

Ao longo de sua existência, a Internacional desempenhou um papel significativo no desenvolvimento do movimento operário europeu, apoiando greves, sindicatos e sociedades de resistência. Manifestou oposição à Guerra Franco-Prussiana e prestou apoio à Comuna de Paris, da qual muitos de seus membros participaram. A organização também apoiou a União na Guerra de Secessão e o movimento feniano na Irlanda. Entre 1866 e 1872, realizou cinco congressos gerais, nos quais foram debatidas questões de interesse da classe trabalhadora, como condições de trabalho, relações laborais, a função dos sindicatos e a coletivização da terra e dos meios de produção. Entre as resoluções aprovadas estavam a solidariedade entre operários de toda a Europa, a promoção do trabalho cooperativo, a redução da jornada de trabalho para oito horas e a melhoria das condições de trabalho, sobretudo para mulheres e crianças.

Em seu auge, entre 1870 e 1872, estima-se que a Internacional tenha contado com mais de 150 mil membros. A organização funcionava com uma estrutura federativa, concedendo grande autonomia às federações e seções locais. Era dirigida por um Conselho Geral, do qual Karl Marx foi um dos principais dirigentes. Composto por membros de diferentes países, o Conselho Geral atuava como órgão de síntese política, responsável por questões internas, correspondências e elaboração de documentos, além de promover a coordenação internacional entre os diferentes grupos nacionais e locais.

A Internacional dividiu-se em 1872, após o congresso de Haia, que estabeleceu a conquista do poder político como meta do movimento operário e ampliou os poderes do Conselho Geral. A cisão resultou na expulsão de Bakunin e seus seguidores, que formaram a Internacional de Saint-Imier, reunindo anarquistas e outros opositores da linha política dominante. Após essa divisão, o Conselho Geral foi transferido para Nova Iorque, e a organização foi dissolvida em 1876, em uma conferência de delegados na Filadélfia. A Internacional de Saint-Imier realizou seu último congresso em 1877, em Verviers.