Aloe Vera: O Mito ou a Cura?
Aloe vera é uma planta com caule curto ou longo, que cresce de 0,6 m até 2 metros de altura, multiplicando-se por brotamento. As folhas são grossas e carnosas, de cor verde a cinza-esverdeado, com algumas variedades mostrando manchas brancas nas superfícies superior e inferior das folhas. A borda da folha é serrilhada e tem pequenos dentes ou espinhos. As flores são produzidas no verão em uma espiga de até 1 m de altura, com cada flor sendo pendente, de cor amarela e formato tubuloso, com 2-3 cm de comprimento. Como outras espécies do gênero, Aloe vera forma micorriza arbuscular, uma simbiose com um fungo que permite à planta maior acesso a nutrientes minerais no solo. Suas folhas contêm substâncias químicas em estudo para avaliação de possíveis atividades, como acetilados mananos, poliarmanes, antraquinona C-glicosídeo, antrona S, outras antraquinonas como emodina e várias lectinas.
Pesquisas
Existem controvérsias na comprovação científica da eficácia ou segurança dos extratos de Aloe vera, tanto para fins cosméticos quanto medicinais. Um estudo de pesquisa que encontra evidências positivas é frequentemente contraditado por outros estudos.
Pesquisas indicam uma provável ação positiva do extrato do gel de Aloe vera para o tratamento de diabetes, como hepatoprotetor no tratamento de diabetes tipo II, assim como na redução de triglicerídeos no sangue.
Uma pesquisa científica (duplo cego controlada com placebo) publicada em 1996, com 60 pacientes, indicou que o extrato gel de uso tópico de Aloe vera a 0,5% apresentou efeitos positivos no tratamento da psoríase e na redução do tempo de tratamento da primeira ocorrência de herpes genital em pacientes masculinos.
As indústrias de cosméticos e medicina alternativa frequentemente fazem afirmações sobre as propriedades calmantes, hidratantes e curativas de Aloe vera.
Uma pesquisa critica a indicação do uso de Aloe vera para oferecer proteção em queimaduras solares para humanos, já que esse efeito ainda não foi comprovado.
Uma revisão de 2014 da "Cochrane Library" não encontrou evidência forte para o valor da aplicação tópica de Aloe vera para tratar ou prevenir flebite causada por terapia intravenosa.
Suplemento Dietético
A aloína é um composto encontrado no exsudado de algumas espécies de Aloe e é um ingrediente comum em produtos laxantes. Seu uso foi proibido nos EUA em 2002 pela FDA (Food and Drug Administration), pois as empresas que o fabricavam não forneceram os dados de segurança necessários. Aloe vera tem toxicidade potencial, com efeitos colaterais ocorrendo em alguns níveis de dose, tanto quando ingeridos quanto aplicados topicamente. Embora a toxicidade possa ser menor quando a aloína é removida pelo processamento, Aloe vera que contém aloína em quantidades excessivas pode induzir efeitos colaterais.
Aloe vera em gel é usado comercialmente como ingrediente em iogurtes, bebidas e algumas sobremesas, embora em certas doses, suas propriedades tóxicas possam ser graves, tanto quando ingeridas quanto aplicadas topicamente.
O suco de Aloe vera é comercializado para apoiar a saúde do sistema digestivo, mas não há provas científicas nem aprovação regulamentar para apoiar essa afirmação. Os extratos e quantidades tipicamente utilizados para tais fins parecem ser dependentes da dose para efeitos tóxicos.
No Brasil, a ANVISA proibiu o comércio de produtos de consumo à base de Aloe vera. Contudo, algumas empresas conseguiram a liberação ao provarem que seus produtos não prejudicam a saúde e possuem rigoroso processo de produção, estabilização e armazenamento, por meio dos estudos obtidos pelo Conselho Internacional da Aloe vera (IASC - The International Aloe Science Council).
Medicina Tradicional
A planta é amplamente utilizada na medicina herbalista tradicional de muitos países. Na medicina ayurvédica, é chamada kathalai. Os primeiros registros do uso de Aloe vera aparecem no Papiro Ebers, datado do século 16 a.C., e no "De Materia Medica" de Dioscórides, bem como na "História Natural" de Plínio, o Velho, ambos escritos em meados do primeiro século d.C. Também está presente no Código de Juliana Anicia nos Dioscórides de Viena, datado de 512 d.C.
Comercialização
Aloe vera é usada no tecido facial, sendo promovida como um hidratante e anti-irritante para reduzir a irritação do nariz. As empresas de cosméticos frequentemente adicionam seiva ou outros derivados de Aloe vera a produtos como maquiagem, tecidos ou papéis, hidratantes, sabonetes, protetores solares, incensos, cremes para barbear e shampoos. Uma revisão da literatura acadêmica observa que sua inclusão em muitos produtos de higiene se deve ao seu "efeito emoliente hidratante".
Outros usos potenciais para extratos de Aloe vera incluem a diluição de sêmen para a fertilização artificial de ovelhas, como conservante de alimentos frescos ou para conservação de água em pequenas fazendas. Também foi sugerido que biocombustíveis podem ser obtidos a partir das sementes de Aloe vera.
Toxicidade
Nos EUA, de acordo com as diretrizes da Proposição 65 da Califórnia (1986), o extrato foliar de Aloe vera ingerido oralmente foi listado pelo Escritório da Califórnia de Avaliação da Perda de Saúde Ambiental (OEHHA) entre os produtos químicos reconhecidos pelo estado por causar câncer ou toxicidade reprodutiva. A medicação de uso tópico de Aloe vera não está associada a efeitos colaterais significativos. A ingestão oral de Aloe vera, no entanto, pode causar cólicas abdominais e diarreia, o que pode diminuir a absorção de remédios. A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) descobriu que a ingestão de líquido não decolorado de Aloe vera é cancerígena em animais e afirma que é um possível cancerígeno para humanos. No Brasil, a ANVISA alerta para os riscos do consumo de alimentos e sucos com Aloe vera, que não são seguros. Contudo, o uso de gel tópico para cicatrização está aprovado pela ANVISA, mas até o momento não há registro de Aloe vera para consumo oral.
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