Agricultura do Antigo Egito
Uma combinação de características geográficas favoráveis contribuiu para o sucesso da cultura, sendo a mais importante o solo fértil resultante de enchentes anuais do Nilo. Os antigos egípcios foram, assim, capazes de produzir alimentos em abundância, permitindo que a população dedicasse mais tempo e recursos a atividades culturais, tecnológicas e artísticas. A gestão da terra foi crucial no Antigo Egito, pois os impostos foram avaliados com base na quantidade de terras em posse de uma pessoa.
Em teoria, todas as terras pertenciam ao rei, mas a propriedade privada era uma realidade. A agricultura no Egito dependia dos ciclos de cheias do Rio Nilo. Os egípcios reconheciam três estações: Akhet (inundação), Peret (plantio) e Shemu (colheita). A estação das cheias durava de julho a outubro, depositando nas margens do Nilo uma camada de lodo rico em minerais para o cultivo. Após a redução do nível do rio, a estação de plantio ia de novembro a fevereiro. Agricultores aravam a terra com arados puxados por bois e plantavam as sementes, que eram irrigadas por intermédio de sistemas de diques e canais.
O Egito recebia pouca chuva, então os agricultores usavam a água do Nilo para regar as culturas. De março a junho, os agricultores usavam foices para suas colheitas, que eram depois debulhadas com um mangual ou com as patas dos bois para separar a palha do grão. Os grãos eram usados para fabricar cerveja ou armazenados em sacas nos celeiros reais para posterior distribuição.
Os antigos egípcios cultivaram trigo, cevada e vários outros cereais, todos usados para produção de pão, biscoitos, bolos e cerveja. O linho, colhido antes da floração, foi cultivado para extração da fibra de seu caule para produção de roupas; o algodão também foi cultivado. O papiro, que cresce nas margens do Nilo, era usado para fazer suporte de escrita. Legumes (pepino, cebola), leguminosas (feijão, fava, grão-de-bico, lentilha, alfarroba), verduras (alface), condimentos (alho, alho-poró, alecrim, gergelim, orégano, tomilho) e frutas (tâmara, melancia, melão, maçã, romã, laranja, banana, limão, pêssego, figo, jujuba, uva) foram cultivadas em hortas perto das casas em solo elevado, e tiveram de ser regadas manualmente; houve produção de vinho. Foi ainda evidenciada a presença do cultivo de papoula e mirto.
Assim era praticada a horticultura, sendo produzidos alho, cebola, pepino, alface e outras verduras e legumes; também eram plantadas árvores frutíferas e videiras. O Egito era um dos "formigueiros humanos" do mundo antigo, em virtude da sua extraordinária fertilidade renovada anualmente pelos aluviões do Nilo. Sendo a vida agrícola inteiramente dependente da inundação, quando esta faltava ou era insuficiente, ocorria a fome — apesar das reservas acumuladas pelo Estado — e morriam milhares de pessoas. Temos muitos documentos escritos (e às vezes pictóricos) que se referem a tais épocas calamitosas. Numa delas, segundo parece, houve casos de canibalismo.