A (Re)humanização da Medicina
Em sua origem, a Medicina Ocidental era uma ciência essencialmente humanística. Segundo Werner Jaeger, uma das maiores autoridades em história da Grécia Clássica, “de todas as ciências humanas então conhecidas, incluindo a Matemática e a Física, é a Medicina a mais afim da ciência ética de Sócrates.” (1995, p. 1001)
Suas raízes se assentavam no solo da filosofia da natureza, e seu sistema teórico partia de uma visão holística que entendia o homem como um ser dotado de corpo e espírito.
Visão Holística de Hipócrates
Neste sentido, para médicos como Hipócrates (nascido em Cós, aproximadamente no ano 460 a.C.), “as doenças não são consideradas isoladamente e como um problema especial, mas é no homem vítima da enfermidade, com toda a natureza que o rodeia, com todas as leis universais que a regem e com a qualidade individual dele, que [o médico] se fixa com segura visão.” (idem, p. 1007)
As causas das doenças, portanto, deveriam ser buscadas não apenas no órgão ou mesmo no organismo enfermo, mas também e principalmente no que há de essencialmente humano no homem: a alma; esse componente espiritual que distingue o homem dos outros organismos vivos do planeta.
O Médico como Humanista
Mais do que um biólogo, mais do que um naturalista, o médico deveria ser, fundamentalmente, um humanista. Um sábio que, na formulação do seu diagnóstico, leva em conta não apenas os dados biológicos, mas também os ambientais, culturais, sociológicos, familiares, psicológicos e espirituais – pois não podemos nos esquecer que, para o homem grego, os deuses não deixam de ser sujeitos ativos na História e na vida das pessoas.