Áptera: Monumentos da Antiguidade
As construções mais imponentes visíveis no sítio são as cisternas da cidade. Datadas do período romano, não é de se excluir que as mais antigas sejam do período helenístico. A mais imponente de todas as cisternas, chamada gama (Γ) devido à sua forma, mede 55,8 metros de comprimento por 25 metros de largura e tem capacidade para 3 050 m³ de água. O teto, já desaparecido, era originalmente abobadado. As paredes são reforçadas no interior por uma parede de tijolos e argamassa. A estanquidade era assegurada por uma espessa camada de gesso impermeável. Devido ao comprimento do edifício, foi adicionado um muro de sustentação a fim de ajudar as paredes a suportar o teto e a pressão da água. Ali foi colocada uma escada que permitia descer à cisterna e fazer a sua manutenção. A conduta de evacuação não está ao nível do solo, mas ligeiramente elevada, a fim de que as impurezas presentes na água não atingissem a conduta de água potável e se depositassem no fundo do reservatório.
A segunda cisterna comporta três compartimentos e outras tantas abóbadas. Uma parte deste complexo foi escavado numa rocha, sendo a parte restante trabalho de alvenaria similar ao da primeira cisterna, recoberto com um revestimento muito duro que persistiu até à atualidade sobre a maior parte das paredes. Estima-se que a sua capacidade fosse de 2 900 m³. Após o abandono da cidade, dado que o local foi habitado apenas pelos monges do mosteiro, esta cisterna deixou de ser usada como tal e serviu possivelmente como celeiro. Devido a esta transformação, a escada que subia do chão até ao teto e que era usada para manutenção foi destruída. No seu lugar, foi aberto um acesso à cisterna ao nível do solo.
A alimentação das cisternas era feita por aberturas no teto de cada uma delas. Mas a água era também coletada por numerosas outras cisternas situadas em diversos locais da cidade, que alimentavam as duas principais através de um sistema de aquedutos. Pashley e Perrot descreveram canos em terracota enterrados perto da entrada das cisternas, bem como um pequeno aqueduto com 80 cm de largura e outro tanto de altura. As duas cisternas principais serviam principalmente para abastecer o complexo de termas situado a norte delas. Ao contrário do que era usual na época, não se encontrou qualquer mosaico nessas termas, construídas nos primeiros anos do século I d.C.
Uma villa, chamada "do peristilo", parcialmente escavada, permite conhecer melhor a arquitetura residencial em Áptera. Datada do período romano — final do século I a.C. ou início do século I d.C. — o que dela se descobriu permite supor que os padrões arquitetónicos de Áptera seguem os do período helenístico nas ilhas do Egeu e Ásia Menor. A villa é baseada nesses padrões e possui um peristilo interior e uma álea originalmente coberta com um teto de telhas. Este teto é suportado por colunas de tipo dórico. A villa terá sido destruída pelo terramoto de 365. No seu átrio principal foram encontradas uma pequena estátua de Afrodite em mármore, um busto de Hermes proveniente de uma estela, moedas e peças de olaria de uso quotidiano. Esse átrio é o centro da casa, em volta do qual se organizava o resto do edifício. Há um segundo átrio na parte sul do edifício, onde há restos de um poço, alimentado por canalizações que recolhiam a água da chuva. A inexistência de nascentes na colina de Áptera levou os habitantes da cidade a construírem poços e cisternas individuais para as necessidades pessoais e infraestruturas maiores para as necessidades gerais da cidade. Perto do poço da villa encontra-se um reservatório em pedra, bem como um balde e uma prensa de azeitonas em pedra. Noutras divisões da villa foram encontradas peças de olaria de uso quotidiano e partes metálicas de portas e janelas.
Teatro
O teatro da cidade ocupa uma cavidade natural situada na parte sudoeste. O mau estado atual do teatro resulta da sua utilização durante o século XIX como pedreira para construções próximas, nomeadamente da fortaleza otomana de Itzedin. Os visitantes do início desse século descrevem um teatro em melhores condições do que as atuais. A largura máxima do conjunto é de 55 metros e a orquestra tem 18 metros. A parte que foi escavada mostra que as bancadas eram constituídas por assentos talhados na rocha.
Fortificações
A muralha que rodeava Áptera tem 3 480 metros de perímetro e circunda toda a parte plana do cimo da colina onde a cidade foi construída. A muralha foi construída na segunda metade do século IV a.C., mas notam-se diferenças no acabamento de diversos trechos da muralha: foi dada uma atenção maior às partes oeste e sudoeste, seguindo o sistema "pseudo-isódomo", um tipo de alvenaria adotado pelos arquitetos gregos, no qual todas as pedras eram talhadas com a mesma altura, de forma que, quando eram colocadas, todas as camadas eram regulares e iguais. Nas partes sul e leste foram por vezes usadas pedras simples nas zonas em que a construção da muralha não foi muito cuidadosa. Nas partes leste e norte, a muralha é composta por pedras octogonais e assemelha-se a um muro ciclópico, o que está na origem de, durante muito tempo, se ter acreditado que essas partes da muralha, com quase quatro metros de altura e cerca de dois metros de espessura e claramente visíveis do sopé da colina, eram muito mais antigas. Pashley, por exemplo, comparou-as com as muralhas de Tirinto (construídas no 2º milénio a.C.).
A proteção assegurada por estas muralhas era reforçada por torres de fortificação, sobretudo na parte ocidental, a de mais fácil acesso e por isso mais difícil de defender. Uma dessas torres foi identificada no lado ocidental: era de planta retangular e denota um cuidado particular na talha das suas pedras e na qualidade das suas juntas, com o objetivo de garantir a melhor resistência possível. A porta principal da cidade foi também identificada nessa parte da muralha. Uma outra porta, chamada sideroporti ("porta de ferro"), foi identificada na parte norte e devia conduzir ao porto de Císsamos. Uma terceira porta, situada no lado sudoeste, devia conduzir ao vale.